Arquivo mensal: outubro 2012

Educação e gentileza, falta e excesso na relação social no Brasil

Educação: 1. processo que visa o desenvolvimento harmônico do ser humano nos seus aspetos intelectual, moral e físico e a sua inserção na sociedade. 2. processo de aquisição de conhecimentos e aptidões. 3. Instrução. 4. adoção de comportamentos e atitudes correspondentes aos usos socialmente tidos como corretos e adequados; cortesia; polidez.

Gentileza: 1. Qualidade do que ou de quem é gentil. 2. gesto ou comportamento que revela amabilidade; delicadeza. 3.simpatia. 4.elegância. 5.favor.

Dicionário Mobile da Língua Portuguesa. Porto Editora, 2011.

Bonito (MS).
Banco de Imagens da Região

Ao longo da viagem para fora do Brasil encontrei muitos brasileiros vivendo no exterior. Muitas vezes, nas conversas sobre as vantagens e desvantagens de morar em outros países e as comparações com o Brasil, a saudade da hospitalidade, carinho e calor do povo brasileiro sempre são mencionadas com lágrimas nos olhos e o tradicional “Ah, você sabe do que estou falando”.

Sabemos! Definitivamente, esbanjamos sorrisos e acolhimento. Aquelas conversas calorosas que conseguimos ter no ônibus, no caixa do supermercado, na fila do banco, na loja, em qualquer lugar. Sempre que algum estrangeiro me comentava sobre visitar o Brasil, eu incentivava. “Vai! A gente adora receber pessoas, o povo brasileiro é muito hospitaleiro, sempre que tem um ‘gringo’, todo mundo quer agradar”. Eu acho mesmo isso, e no melhor sentido. A gente gosta mesmo de receber bem as pessoas. No entanto, essa amabilidade não necessariamente significa respeito real ao coletivo. As pequenas “escapadelas” às regras de convivência, às vezes as mais banais, realmente é uma questão comportamental que prejudica a vida em muitos níveis.

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Da mistura e integração que fazem o Brasil

Monumento ao Sobá, Feira Central de Campo Grande (MS)

“Será que você conseguirá provar o Sobá?” Toda vez que eu falava para algum campo-grandense que eu sou “vegetariana com benefícios”, a pergunta era realizada. “Afinal, você não pode deixar de experimentar um dos pratos típicos da região”, vinha sempre o complemento. Considerado patrimônio imaterial da cidade, o mais interessante é que o sobá, como tantos outros prato “típicos” brasileiros, é uma adaptação de uma das tradições vindas do Japão, mais precisamente da província de Okinawa, arquipélago localizado na região Sul do país. Com direito a monumento na Feira Central de Campo Grande, o prato conta inclusive com um festival anual, sendo que a sexta edição foi realizada em agosto de 2012. (http://www.campograndenews.com.br/entretenimento/de-iguaria-a-patrimonio-imaterial-soba-deve-atrair-200-mil-pessoas-em-festival).

Sobá (com e sem carne), Campo Grande (MS)

A Feira Central é justamente um dos locais mais tradicionais para comer o Sobá. Além disso, tem artigos diversos (meio que de tudo um pouco) e muito artesanato local para ver, e comprar, claro. Entre eles, muitos artigos indígenas, como os belos espetos de cabelos, ou a N. Sra. Do Pantanal, claramente influência católica européia, adaptada para a cultura local. Mistura e integração que fazem o Mato Grosso do Sul e o Brasil.

Sopa Paraguaia

O Sobá de origem japonesa, a sopa paraguaia (que na verdade é uma torta salgada com milho e queijo), a pizza italiana em São Paulo, a feijoada de influência africana, a farinha de mandioca indígena e tantos outros. Influências de diferentes origens que formam não apenas na culinária brasileira, mas nossa cultura, personalidade e comportamento. Influências que muitas vezes se misturam, outras se integram. Bairros e regiões de colônias migratórias, como a comunidade alemã no sul do país, a comunidade libanesa, japonesa, italiana e, no final das contas, brasileira.

Misturas que fazem este nosso Brasil que abraça outras culturas. Lembro sempre da observação do amigo português, Antonio, ex-dono de albergues em Lisboa, que considerava curioso o vínculo que muitos brasileiros de origem brasileira sentiam por Portugal, pela história do Brasil, que recebia inúmeros brasileiros em seu ex-estabelecimento. Claro, porque Portugal, assim como tantos outros países e culturas, estão intrinsecamente ligados à nossa formação. Acredito que, se sentir brasileiro, é se sentir com todas essas influências. Como tantas vezes eu explicava sobre a “cara de brasileiro”, que na verdade podemos parecer de qualquer lugar dada a variedade étnica do nosso povo. Variedade misturada e integrada que é o Brasil, abençoadamente.

 

 

Índios no Brasil – um questionamento…

Museu do Índio, Campo Grande (MS)

 

Um dos pontos que me chamou muita atenção na visita ao Mato Grosso do Sul foi também a influência indígena em nossa formação cultural. Como muitas vezes falamos sobre a nossa relação com a água, comumente atribuída à relação dos índios com ela, apenas para citar um exemplo. E, principalmente, tenho me questionado cada vez sobre a nossa relação atual com os índios, denominação dada aos nativos, apesar de serem formados por diversos grupos diferentes.

A visita ao Museu do Índio (Museu das Culturas Dom Bosco) no Parque das Nações, por exemplo, incentiva esta reflexão. Conforme informação disposta na exposição, na época do descobrimento a população nativa girava em torno de 5 milhões (as informações em sites do assunto revela entre 1 a 11 milhões, um intervalo um pouco amplo, vamos combinar). De forma simplista classificamos como “índios”, sem levar em consideração a variedade lingüística e cultural dos diversos grupos. Ao lado da Mercado Municipal, o Mercadão, também está o “Mercado Indígena”, como fui apresentada, com produtos típicos e alguns itens que apenas podem ser comercializados por eles.

Tenho sido reticente em escrever algo aqui no blog, justamente por não conhecer o tema com tanta profundidade e posso, dessa maneira, escrever alguma coisa míope a respeito. Como também acredito que muitas vezes são algumas abordagens sobre essas questões. Ao mesmo tempo, considero fundamental falar e buscar entender melhor o assunto, e o que de fato é integração e preservação da cultura, ou o que é exclusão e impedimento de avanço. Respeito e convivência, de todos os lados. Eu, de fato, não sei.

Como está escrito no próprio site da Funai, “as populações indígenas são vistas pela sociedade brasileira ora de forma preconceituosa, ora de forma idealizada”, evidenciando a nossa ignorância no assunto, dado os extremos. E, afinal, qual é o limiar entre as ações que irão realmente promover a preservação da cultura e proteção dos índios, mas ao mesmo tempo permitir a integração real na sociedade? Difícil questão; resposta a ser construída.

Museu do Índio, Campo Grande (MS)

Para saber mais sobre o assunto:

http://www.museudoindio.org.br/template_01/default.asp?ID_S=33&ID_M=114

http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/indios-politica-brasil-politicas-publicas-indigenistas-cnpi-550901.shtml

http://www.funai.gov.br/

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Também inseri um texto da Funai na íntegra sobre o assunto, apesar de ser apenas uma fonte (e um lado da história)… Certamente o tema é bem mais amplo.

Identidade e Diversidade, segundo Funai:

“As populações indígenas são vistas pela sociedade brasileira ora de forma preconceituosa, ora de forma idealizada. O preconceito parte, muito mais, daqueles que convivem diretamente com os índios: as populações rurais.

Dominadas política, ideológica e economicamente por elites municipais com fortes interesses nas terras dos índios e em seus recursos ambientais, tais como madeira e minérios, muitas vezes as populações rurais necessitam disputar as escassas oportunidades de sobrevivência em sua região com membros de sociedades indígenas que aí vivem. Por isso, utilizam estereótipos, chamando-os de “ladrões”, “traiçoeiros”, “preguiçosos” e “beberrões”, enfim, de tudo que possa desqualificá-los. Procuram justificar, desta forma, todo tipo de ação contra os índios e a invasão de seus territórios.

Já a população urbana, que vive distanciada das áreas indígenas, tende a ter deles uma imagem favorável, embora os veja como algo muito remoto. Os índios são considerados a partir de um conjunto de imagens e crenças amplamente disseminadas pelo senso comum: eles são os donos da terra e seus primeiros habitantes, aqueles que sabem conviver com a natureza sem depredá-la. São também vistos como parte do passado e, portanto, como estando em processo de desaparecimento, muito embora, como provam os dados, nas três últimas décadas tenha se constatado o crescimento da população indígena.

Só recentemente os diferentes segmentos da sociedade brasileira estão se conscientizando de que os índios são seus contemporâneos. Eles vivem no mesmo país, participam da elaboração de leis, elegem candidatos e compartilham problemas semelhantes, como as consequências da poluição ambiental e das diretrizes e ações do governo nas áreas da política, economia, saúde, educação e administração pública em geral. Hoje, há um movimento de busca de informações atualizadas e confiáveis sobre os índios, um interesse em saber, afinal, quem são eles.

Qualquer grupo social humano elabora e constitui um universo completo de conhecimentos integrados, com fortes ligações com o meio em que vive e se desenvolve. Entendendo cultura como o conjunto de respostas que uma determinada sociedade humana dá às experiências por ela vividas e aos desafios que encontra ao longo do tempo, percebe-se o quanto as diferentes culturas são dinâmicas e estão em contínuo processo de transformação.

O Brasil possui uma imensa diversidade étnica e linguística, estando entre as maiores do mundo. São cerca de 220 povos indígenas, mais de 80 grupos de índios isolados, sobre os quais ainda não há informações objetivas. 180 línguas, pelo menos, são faladas pelos membros destas sociedades, que pertencem a mais de 30 famílias linguísticas diferentes.

No entanto, é importante frisar que as variadas culturas das sociedades indígenas modificam-se constantemente e reelaboram-se com o passar do tempo, como a cultura de qualquer outra sociedade humana. E é preciso considerar que isto aconteceria mesmo que não houvesse ocorrido o contato com as sociedades de origem européia e africana.

No que diz respeito à identidade étnica, as mudanças ocorridas em várias sociedades indígenas, como o fato de falarem português, vestirem roupas iguais às dos outros membros da sociedade nacional com que estão em contato, utilizarem modernas tecnologias (como câmeras de vídeo, máquinas fotográficas e aparelhos de fax), não fazem com que percam sua identidade étnica e deixem de ser indígenas.

A diversidade cultural pode ser enfocada tanto sob o ponto de vista das diferenças existentes entre as sociedades indígenas e as não-indígenas, quanto sob o ponto de vista das diferenças entre as muitas sociedades indígenas que vivem no Brasil. Mas está sempre relacionada ao contato entre realidades socioculturais diferentes e à necessidade de convívio entre elas, especialmente num país pluriétnico, como é o caso do Brasil.

É necessário reconhecer e valorizar a identidade étnica específica de cada uma das sociedades indígenas em particular, compreender suas línguas e suas formas tradicionais de organização social, de ocupação da terra e de uso dos recursos naturais. Isto significa o respeito pelos direitos coletivos especiais de cada uma delas e a busca do convívio pacífico, por meio de um intercâmbio cultural, com as diferentes etnias.”

Fonte: Funai –www.funai.gov.br

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Campo Grande Turística

Monumento Carro de Boi, Campo Grande (MS)

Toda cidade merece uma visita! Essa é a minha filosofia e foi o que me levou a diversas cidades durante a viagem ao exterior. Não poderia ser diferente no Brasil e a filosofia se demonstrou correta. Quando fui visitar Campo Grande o potencial turístico não era o principal motivo, mas visitar pessoas queridas. Porém, o hábito de explorar, conhecer e aprender não consegui deixar de lado, principalmente sendo a minha primeira visita à cidade.

O mesmo esquema estabelecido desde o início da viagem foi mantido no Mato Grosso do Sul: fazer no mínimo duas coisas por dia. Deu certo! Conheci um pouco mais da cidade que, como muitos lugares no nosso lindo país, tem sim um excelente potencial turístico, mesmo que seja como cidade de passagem. Claro, investimentos em infra-estrutura e a apresentação dos atrativos poderiam ser significativamente melhores, mas é impossível negar as peculiaridades, curiosidades e atratividades que tornam a cidade mais interessante.

Relógio da 14, Campo Grande (MS)

As dicas locais e as explicações no informal walking/driving tour com um cidadão local “nerd” (no melhor sentido da palavra, pois conhece bastante sobre os acontecimentos da cidade), meu guia exclusivo, fizeram toda a diferença. Talvez sozinha eu não tivesse as mesmas percepções. Ao mesmo tempo, também pude presenciar o real potencial da cidade. Sei que muitos cidadãos campo-grandenses que conheci discordam de mim, com a freqüente pergunta “mas o que você verá aqui?”. Bom, pode parecer besteira, mas eu adorei, por exemplo, a história do Relógio da 14, mas que fica na Calógeras. Réplica do primeiro relógio público que ficava na esquina da Avenida Afonso Pena com a rua 14 de Julho, instalado em 1933, agora está na rua debaixo, na Calógeras e representa parte da história da cidade e do estado. A réplica mantém inclusive o formato do 4 romano errado, IIII e não IV, prática comum nos relógios na época. O relógio inclusive conta com a explicação do fato como curiosidade. “Acho que a Prefeitura deve ter colocado o aviso porque realmente muita gente na cidade ficava perguntando se não estava errado”, me contou Lucas.

Esse é só um dos exemplos das iniciativas interessantes de preservação da cultura, mas que também carecem de uma dose melhor de planejamento. Como a revitalização da região do comércio na própria rua 14 de julho, o Projeto Reviva Centro. Para valorizar a arquitetura original da região, as lojas devem manter a fachada original, apenas com uma placa nas devidas especificações de sinalização. Eu considero a iniciativa bem interessante, similar ao que acontece nas preservações das cidades medievais, como York, e que possibilita “reviver” um pouco do cenário da cidade. Espero que aconteça efetivamente um processo de revitalização da realmente bela arquitetura dos prédios e do ambiente. Com certeza ficaria bem bonito.

Um misto de boas iniciativas de valorização do patrimônio cultural, mas também a necessidade de melhor planejamento (típico de muitas cidades brasileiras, não é um privilégio de uma única cidade e região, infelizmente). O monumento em valorização aos índios no Parque das Nações, é outro exemplo. Ele é bem bacana, mas realmente se finalizado seria mais bacana. A construção foi interrompida por se tratar da escultura de uma zarabatana (arma de sopro que lança dardos envenenados), mas depois foi descoberto que nenhuma tribo indígena do Mato Grosso do Sul usava tal equipamento. Ok, estava errado, mas não dava pelo menos para finalizar ou dar uma outra solução ao caso? A estrutura é bonita e agora iluminada no período noturno. Mas dá para ver a obra incompleta, os arames para fora. Enfim, poderia finalizar como está e até explicar melhor toda a história, mas não deixar inacabada. Realmente até agora não entendi.

Monumento aos Índios (Zarabatana), Parque das Nações Indígenas, Campo Grande (MS)

Na abordagem turística, a concentração de boas alternativas de entretenimento ao redor do Parque das Nações, em minha opinião, é uma iniciativa bem interessante, afinal, facilita para o visitante. O próprio parque, o novo aquário que está sendo construído, o Museu de Arte Contemporânea (Marco) e o Museu das Culturas Dom Bosco (Museu do Índio). O último foi o único Museu que visitei na cidade e é super interessante, com muitas coisas sobre os índios da região e do Brasil, com informações que me fizeram pensar ainda mais sobre o assunto e, talvez, a visão um tanto quanto romântica que às vezes temos do assunto. Enfim, mas este já é outro assunto.

Museu do Índio, Campo Grande (MS)Parque das Nações Indígenas, Campo Grande (MS)

Morada dos Bais, Campo Grande (MS)

 

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Vários tons de Boniteza

Fazenda Água Viva, Rio do Peixe, Bonito, Mato Grosso do Sul

Fazenda Água Viva, Rio do Peixe, Bonito, Mato Grosso do Sul

Beleza exuberante, acolhimento caloroso e diversas opções de contato e interação com a natureza. Assim é Bonito, na Serra da Bodoquena no Mato Grosso do Sul, na região mais ao sul do Pantanal. Já no primeiro passeio no dia em que cheguei à região, percorrendo as águas do Rio Formoso, eu tinha pensado no título para este post: Vários tons de verde! Lindo demais olhar as margens do rio e notar as sutilezas dos diferentes verdes da mata e ser surpreendida por um biguá no meio do caminho. Com a capacidade de devanear que me é particular, observar a natureza brasileira foi uma excelente oportunidade de notar a variedade de tudo que temos na vida e, abençoadamente, que podemos realizar ainda mais se o contexto permite transparência, variedade e abundância, como eu acredito que é a vida.

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Sete meses de viagem, porque eu voltei para o Brasil, mas não necessariamente o sabático acabou.

Pôr-do-sol em Campo Grande, MS

Ao viajar um pouquinho por esse mundão, cresce a vontade de conhecer cada vez mais e mais. A saudade e orgulho do Brasil também aumentam, assim como o desejo de conhecer melhor essa diversidade linda que é o nosso país. Temos um pouco de tudo em natureza (ok, nem tanto altas montanhas), um povo acolhedor e intensa cultura popular. Tudo bem que infra-estrutura, ou melhor, a falta dela, é de fato um problema sério, que está me incomodando também um pouco mais. Enfim, a beleza compensa.

Até que não conheço tão pouco assim nossa terrinha, mas anteriormente me concentrei em conhecer a região mais próxima da costa. Percebi isso com mais clareza ao responder a pergunta do pai do Lucas, Luiz Fernando, sobre o que eu conheço do Brasil, pois já visitei 15 estados. Porém, ainda falta muito desse Brasilzão para conhecer, com sua variedade e riqueza cultural. O Mato Grosso do Sul é um deles. Conheço apenas Três Lagoas depois de algumas viagens a trabalho, tipo de viagem que te proporciona ir para muitos lugares, porém nem sempre se conhece mesmo a cidade.

Por isso, após alguns dias revendo a família e alguns amigos (ainda faltam muitos), trocando o mochilão por uma malinha menor, conseguindo ajeitar algumas das minhas coisas no quarto que irá me receber neste final de ano (obrigada amiga pelo pouso) e resolvendo uma parcela de coisas da vida prática, decidi colocar mais uma vez o pé na estrada para conhecer agora um pouquinho mais do interior do Brasil, mais especificamente Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Importante, nem respire antes de terminar o nome do estado, para não confundir com Mato Grosso!

Achei melhor engatar as viagens, porque depois, seja lá o que eu farei, certamente ficará mais difícil. Agora em excelente companhia e, mais turismo de cotidiano, impossível, ao ser tão bem acolhida por Roseli, Luiz Fernando, Luiz Guilherme e Deise, com direito a tradicional roda de tereré (versão gelada do chimarrão, em explicação simplista) e versão vegetariana de churras, incluindo um delicioso abacaxi com canela na brasa, na comemoração de aniversário do Luiz Guilherme.

Como sempre, comida é um dos alvos principais neste tipo de turismo, porque eu não sou nada boba. (hehehehe). Dieta? Bem que eu estou precisando, mas resolvi deixar para 2013 (vai que o mundo acaba mesmo em 2012 e eu deixei de experimentar todas essas coisas boas). Como a chipa, versão paraguaia do nosso amado pão de queijo, mas com uma consistência mais próxima de um biscoito e formato de ferradura. Eu estou bem curiosa em experimentar o tal do sobá, influência da colônia japonesa, mas que virou um dos ícones da culinária campo-grandense. Difícil será achar a versão vegetariana ou piscitariana, mas daremos um jeito.

Chipa paraguaia

Uma parte do Brasil que conheço pouco e acho que talvez não seja privilégio meu, mas de muitos cidadãos do sudeste. Em pouco tempo aqui já temos conversado sobre muitas questões culturais, históricas e políticas que talvez nossa visão no sudeste seja meio míope. Em minha opinião, viajar e conhecer é um excelente caminho para abrir os olhos. Bora lá conhecer um pouco mais desse Brasil brasileiro, uma linda parte desse nosso mundão!

Monumento Cavaleiro Guaicuru, Parque das Nações, Campo Grande, MS

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Casa, que casa?!

 

http://10paezinhos.blog.uol.com.br/tiras/

Tão bom quanto viajar é voltar! A frase manjadíssima tem seu fundo de verdade. É uma delícia rever a família e amigos. Se bem que no meu caso faltam muitos amigos para ver, encontrar e conversar de verdade. Quero marcar muitos almoços, cafés e jantarzinhos para colocar os assuntos em dia. Sem contar a sugestão tentadora da querida Silvia Martins em fazer uma festinha de boas-vindas! Parece bom, hein?! Mas ainda preciso realmente chegar…

A minha recepção no Brasil não poderia ser melhor, com direito a café da manhã super especial na casa dos pais, com o saudoso pãozinho francês e requeijão que só existem no Brasil, aquele cafezinho bem brasileiro e o delicioso queijo minas padrão que meu pai tem um talento só dele para comprar sempre os melhores. Depois almoço com arroz e feijão… hum… Não tem jeito, comida é uma das melhores coisas da vida, orações para a Nossa Senhora do Guarda-Roupa para manter minhas calças laceadas (risos).

Continuar o turismo de cotidiano aqui no Brasil, até que se torne cotidiano de verdade. Admirar o começo da primavera, mesmo que seja com um frio maior do que estava sentindo em Londres, e ter a oportunidade de estrear o casaco vermelho comprado na capital inglesa. Comprar um novo cartão fidelidade do Metrô e usar o excelente, e curto, meio de transporte em São Paulo, observando as pessoas e reafirmando que metrô acaba sendo igual mesmo em todos os lugares do mundo. Escutar, e estranhar, todo mundo falando português na padaria. Ir ao meu bar favorito e comer o melhor bolinho de arroz de São Paulo, quiçá do mundo! Fazer feira no sábado de manhã para preparar um delicioso almoço caseiro em boa companhia, mas também aproveitar para comer um delicioso pastel de feira e água de coco, tudo de bom! Fazer o tradicional café da tarde em família (inexplicavelmente não almoço na minha, mesmo sem qualquer traço de ancestralidade inglesa para ter o tal chá da tarde). Afe! Muitas orações para a Nossa Senhora do Guarda-Roupa.

Voltar para casa, e aumentar a noção de casa para nós mesmos, independente de onde estivermos. Minha casa São Paulo, minha casa Brasil, minha casa Mundo! (piegas, eu tenho noção!) Mas é porque casa mesmo, com as minhas coisinhas, minha cama, minha cara está faltando. Cheguei em São Paulo, mas ainda não larguei a mochila, dormindo já em três casas diferentes em menos de uma semana, até me estabelecer na casa da valiosa e uma das minhas melhores amigas que ofereceu me receber por um tempinho até normalizar a minha vida aqui, o que não sei se será tão rápido assim. Nem mesmo o “me estabelecer” na casa desta amiga será tão imediato. Os encontros com amigos nessa semana serão acompanhados de “pouso” como se diria no interior. Dale mochilinha com uma “muda” de roupa e artigos de necessidade básica! Porque encontrar as pessoas – família e amigos – está no top das minhas prioridades para o último trimestre de 2012 ;-), antes do mundo acabar, por favor.

Como o famoso e saudoso café da tarde que mencionei tantas vezes. Conseguimos reunir a família ontem com direito a rir até doer as bochechas, sempre é assim ao reunir as quatro irmãs. Às vezes saudade é igual fome, você só percebe que é enorme quando senta à mesa e começa a comer! Matei um pouquinho a saudade da minha família, faltam agora muitos amigos, a família que a gente escolhe e a vida não tem o menor sentido sem amigos de verdade. De fato, me sinto abençoada neste sentido! Obrigada mesmo a todos meus amigos! Pessoas especiais que eu sei que vão me ajudar também e construir este novo capítulo na minha história, que neste momento está aqui.

Saí um tempo para pensar e não cheguei à conclusão alguma ainda. Se você tem a oportunidade de dar uma pausa na sua vida para conhecer o mundo e refletir, é melhor tirar muito bom proveito disso. Essa viagem me deu muito conhecimento, muitos amigos e muitas ideias. E uma vontade enorme de fazer coisas diferentes. Uma delas eu sei, quero manter este blog, que continua com muitas ideias, mas sem um objetivo claro… a não ser refletir sobre comportamento, cultura, enfim, a vida (mais abrangente impossível!). Aceito elogios, críticas e sugestões! hehehehe

Afinal, o importante é compartilhar e construir juntos, não mais em algum lugar, mas aqui! Só não pode estacionar, e sim seguir em frente, sempre.

Obs.: Para quem não sabe onde se tem uma das melhores comidinhas de boteco, e sim, o melhor bolinho de arroz que eu já comi, dá uma passadinha no Bar Genial na Vila Madalena. Incrível! De dar água na boca e saudades depois de uns meses longe!

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